O sarampo é uma infecção viral altamente contagiosa, transmitida pelo ar, que se manifesta com febre, manchas avermelhadas na pele, tosse, coriza, conjuntivite e, em alguns casos, as chamadas manchas de Koplik na mucosa bucal. Embora seja uma doença prevenível por vacina, pode evoluir para complicações graves, principalmente em crianças pequenas, gestantes, pessoas imunossuprimidas ou em situação de desnutrição.
Em 2016, o Brasil recebeu a certificação de eliminação da circulação endêmica do vírus. No entanto, a baixa cobertura vacinal em alguns territórios e o intenso fluxo de mobilidade populacional mantêm o risco de reintrodução.
Diante desse cenário, a Nota Informativa nº 14/2025 do Ministério da Saúde orienta os profissionais da Atenção Primária à Saúde (APS) sobre sua função essencial na prevenção de novos surtos e na proteção da população contra o retorno da doença.
O protagonismo da APS frente ao sarampo
A Atenção Primária à Saúde é a porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS) e, por sua presença capilar no território, vínculo com a população e acompanhamento contínuo, desempenha papel crucial na resposta ao sarampo.
Suas principais atribuições incluem:
- Reconhecer, notificar e monitorar casos suspeitos;
- Ampliar e garantir a cobertura vacinal;
- Integrar-se à vigilância epidemiológica e aos demais níveis da Rede de Atenção à Saúde (RAS).
Eixos estratégicos de atuação
A nota orienta que o trabalho das equipes da APS seja organizado em três eixos principais: detecção e notificação de casos, imunização e prevenção, e articulação com outros serviços de saúde.
1. Identificação e monitoramento de casos
- Treinar agentes comunitários e profissionais para identificar sinais e sintomas da doença.
- Implementar imediatamente medidas de isolamento respiratório para casos suspeitos, com orientações a pacientes e familiares.
- Notificar casos suspeitos em até 24 horas à vigilância epidemiológica.
- Realizar busca ativa de casos tanto nas unidades quanto nas comunidades.
- Garantir o correto preenchimento das fichas de investigação.
- Acompanhar contatos de casos suspeitos ou confirmados por 30 dias.
- Promover reuniões periódicas para revisão de fluxos e análise de casos.
- Utilizar, quando disponível, ferramentas de telemonitoramento como complemento.
- Manter integração permanente com a vigilância local.
2. Imunização e ações de prevenção
- Atualizar a vacinação da população conforme o Calendário Nacional, com destaque para a tríplice viral (SCR).
- Garantir que todos os profissionais de saúde estejam vacinados.
- Realizar bloqueio vacinal em contatos de casos suspeitos.
- Intensificar a vacinação em áreas de baixa cobertura ou maior vulnerabilidade.
- Organizar ações de varredura vacinal em regiões de risco, mesmo sem casos confirmados.
- Estender horários de funcionamento das salas de vacina e realizar campanhas em finais de semana.
- Buscar ativamente pessoas com vacinas em atraso.
- Assegurar o uso adequado de EPIs pelos profissionais no atendimento.
- Aproveitar consultas de rotina para encaminhar usuários à sala de vacinação.
- Utilizar o Prontuário Eletrônico do Cidadão para identificar não vacinados.
- Integrar campanhas ao Programa Saúde na Escola (PSE).
- Desenvolver ações de comunicação comunitária e combate à desinformação.
- Registrar todas as doses aplicadas de forma correta nos sistemas de informação.
- Reforçar as visitas domiciliares como ferramenta de vigilância e orientação.
- Promover capacitações regulares para as equipes de saúde.
3. Articulação com a Rede de Atenção à Saúde
- Estabelecer fluxo de comunicação imediata entre APS e vigilância epidemiológica.
- Receber informações sobre casos atendidos em outros serviços para acompanhamento no território.
- Identificar unidades de referência para avaliação de casos suspeitos mais graves.
- Definir protocolos assistenciais entre UBS e serviços especializados.
- Monitorar casos leves na APS e encaminhar os de maior gravidade.
- Participar das salas de situação e de ações intersetoriais no município.
Para mais informações, acesse a nota completa: https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/estudos-e-notas-informativas/2025/nota-informativa-no-14-2025-cimvac-cgesco-desco-saps-ms/view
- Atenção Primária à Saúde e Prevenção do Sarampo: estratégias diante do aumento de casos confirmados nas Américas
- Nova versão do e-SUS – PEC 5.4.14
- 9ª CIT em Belém: debates marcantes reforçam compromisso com o SUS em clima de pré-COP
- Nova funcionalidade do InvestSUS permite geração automática de Documento CIB
- Nota Informativa 15/2025: Vacinas no Indicador de Cuidado no Desenvolvimento Infantil na APS