O Ministério da Saúde, por meio da Nota Informativa nº 12/2025, emitiu um alerta oficial sobre a tendência de aumento dos casos de dengue no Brasil para a temporada 2025/2026. O documento destaca a dispersão do sorotipo DENV3 e recomenda que gestores estaduais e municipais intensifiquem as medidas de preparação já nos primeiros meses de 2026.
Embora o volume total de casos em 2025 tenha sido menor que o recorde de 2024, os dados de monitoramento (nowcasting) indicam que a curva voltou a subir de forma atípica a partir do segundo semestre.
O Fator de Risco: O retorno do DENV3
A maior preocupação das autoridades sanitárias é a circulação do sorotipo DENV3.
- Baixa Imunidade Coletiva: Este sorotipo não circula de forma significativa no Brasil desde o período de 2004-2008. Isso significa que há uma vasta parcela da população suscetível (sem anticorpos), o que aumenta consideravelmente o risco de surtos e epidemias.
- Foco Inicial: Atualmente, o DENV3 já é predominante em estados como Pernambuco e apresenta crescimento acelerado em São Paulo.
Projeções para 2026: O que esperar?
Modelagens preditivas do InfoDengue estimam que o Brasil terá cerca de 1,8 milhão de casos de dengue entre outubro de 2025 e setembro de 2026.
Estados com previsão de ALTA (incidência maior que 2025):
- Minas Gerais (MG)
- Santa Catarina (SC)
- Distrito Federal (DF)
- Mato Grosso do Sul (MS)
- Tocantins (TO)
Estados com incidência estável ou em queda:
São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul devem apresentar picos menores do que os de 2025, mas ainda em níveis considerados altos quando comparados à média histórica.
Recomendações Estratégicas para Gestores
A Nota Informativa lista ações imediatas para evitar o agravamento do quadro e reduzir a letalidade (que hoje está em 5% nos casos graves):
1. Vigilância e Diagnóstico
- Notificação em 24h: Óbitos suspeitos devem ser notificados imediatamente.
- Teste de Biologia Molecular: Priorizar o RT-PCR para identificação exata do sorotipo circulante.
- Diagnóstico Diferencial: Atenção à confusão com outras doenças como Oropouche, Chikungunya e Zika.
2. Organização dos Serviços
- Horário Estendido: Unidades de Atenção Básica devem se organizar para atender a demanda crescente, evitando a sobrecarga de hospitais.
- Capacitação Clínica: Treinar equipes para reconhecer precocemente os sinais de alarme (dor abdominal intensa, vômitos persistentes, sangramentos).
- Manejo Dinâmico: A dengue é uma doença que muda rápido. A reavaliação clínica e o estadiamento (grupos A, B, C e D) devem ser constantes.
3. Controle Vetorial e Mobilização
- Bloqueio de Transmissão: Realizar ações de bloqueio assim que os primeiros casos suspeitos surgirem, sem esperar a confirmação laboratorial.
- Intersetorialidade: Envolver Defesa Civil, Educação e Meio Ambiente para a limpeza e eliminação de criadouros.
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